|  | Vous pouvez
    télécharger l'article intégral au format pdf
       Diego PALACIOS CEREZALES, p. 67-82 Des illets à la menace de
    guerre civile. Violence politique dans la révolution (1974-1975)La menace de la violence politique fut déterminante pour le résultat du processus de la
    transition portugaise. Si la faiblesse des appareils d'État permit la mobilisation
    populaire et la pratique de la violence politique, la violence politique anticommuniste
    fut aussi une arme décisive pour imposer le résultat des élections au secteur radical
    du MFA. La mobilisation pacifique fut importante pour la démonstration publique des
    préférences politiques des citoyens les plus engagés, mais la violence collective créa
    une nouvelle scène politique et exigea le réajustement des appareils de l'État.
 Les assauts aux sièges du Parti communiste obligèrent le gouvernement de Vasco
    Gonçalves à prendre une décision politiquement difficile : établir un système de
    répression militaire dans le Centre et dans le Nord du pays pour protéger ses alliés
    politiques et les autorités administratives. Cette décision, au coût symbolique lourd
    et permettant au PS et au PPD de dénoncer une nouvelle dictature, mettait à l'épreuve
    l'autorité même du gouvernement. Elle obligeait les autorités militaires de province
    soit à obéir aux consignes de maintien de l'ordre public et à tirer sur des
    manifestants violents déterminés à prendre d'assaut les locaux du parti communiste,
    soit à se soulever et refuser d'obéir au gouvernement et à la hiérarchie militaire. Le
    soulèvement fut général dans les unités du Centre et du Nord du pays, avec des
    officiers se désolidarisant de la hiérarchie gonçalviste. Cela permit d'établir une
    carte des rapports de force militaires et d'envoyer un message au secteur radical du MFA :
    il ne pourrait poursuivre son projet sans déclencher une guerre civile. Un tel risque
    était trop grand et ce secteur préféra renoncer au pouvoir plutôt que de l'assumer,
    permettant finalement que le processus révolutionnaire se convertisse en une transition
    à la démocratie.
 
 Dos cravos à ameaça de guerra civil. Violência política na revolução
    (1974-1975)
 A ameaça da violência política foi determinante para o resultado do processo da
    transição portuguesa. Se a fraqueza dos aparelhos do estado permitiu a mobilização
    popular e a prática da violência política, a violência política anticomunista foi
    também uma arma decisiva para impor os resultados das eleições ao sector radical do
    MFA. A mobilização pacífica foi importante para a demonstração pública das
    preferências políticas dos cidadãos mais activos, mas a violência colectiva criou uma
    nova cena política e exigiu o reajustamento dos aparelhos do estado.
 Os assaltos ao poder do Partido Comunista obrigaram o governo de Vasco Gonçalves a tomar
    uma decisão politicamente difícil, que foi o estabelecimento de um sistema de repressão
    militar no Centro e no Norte do país para proteger os seus aliados políticos e as
    autoridades administrativas. Esta decisão, de custo simbólico pesado e permitindo ao PS
    e ao PPD denunciarem uma nova ditadura, punha à prova a própria autoridade do governo.
    Obrigava as autoridades militares da província, quer a obedecer às ordens de
    manutenção da ordem pública e a atirar sobre manifestantes violentos determinados em
    tomar de assalto as sedes do Partido Comunista, quer a levantarem-se e recusarem obedecer
    ao governo e à hierarquia militar. O levantamento foi geral nas unidades do Centro e do
    Norte do país, com oficiais a dessolidarizarem-se da hierarquia gonçalvista. Isso
    permitiu estabelecer um mapa das relações de força militares e enviar uma mensagem ao
    sector radical do MFA : Não poderia prosseguir o seu projecto sem despoletar uma guerra
    civil. Um tal risco era demasiado elevado e esse sector preferiu renunciar ao poder em vez
    de o assumir, permitindo finalmente que o processo revolucionário se convertesse numa
    transição para a democracia.
 
 From Carnations to the Threat of Civil War. Political Violence in the
    Revolution (1974-1975)
 The threat of political violence was decisive in the result of the transition process in
    Portugal. If the weakness of the State apparatus opened the door to popular mobilisation
    and the practice of political violence, anti-communist political violence was also a
    decisive weapon in forcing the radical sector of the MFA to accept the results of the
    elections. Peaceful mobilisation played an important role in publicly demonstrating the
    political preferences of the most committed citizens, but collective violence created a
    new political scene and forced a readjustment of the State apparatus.
 The attacks on the offices of the Communist Party forced the government of Vasco
    Gonçalves to make a politically difficult decision : to establish a system of military
    repression in the Centre and in the North of the country to protect its political allies
    and the administrative authorities. This decision, which was of a heavy symbolic cost and
    gave the PS and PPD an opportunity to denounce a new dictatorship, put the very authority
    of the government to the test. It forced the provincial military authorities either to
    obey orders to maintain public order and shoot at violent demonstrators determined to
    storm Communist Party offices, or to rise up and refuse to obey the government and
    military hierarchy. The uprising was general in the units in the Centre and North of the
    country, with officers refusing the orders of the Gonçalvist hierarchy. This made it
    possible to draw up a map of the military balance of power and to send a message to the
    radical sector of the MFA : it was not going to be able to carry through its project
    without triggering a civil war. So great was the risk that the sector chose not to take it
    and to give up on power, ultimately enabling the revolutionary process to convert itself
    into a transition to democracy.
 |