Vous pouvez télécharger l'article intégral au format pdf

Marcus POWER, p. 261-278

Le cinéma post-colonial et la reconfiguration de la mozambicanité
Le cinéma a été témoin (et protagoniste) de quelques périodes parmi les plus importantes de l’histoire mozambicaine récente, depuis les conflits et les révolutions jusqu’aux mouvements idéologiques et démographiques et jusqu’aux schémas subtilement changeants de la vie de tous les jours. Comment se produisit l’émergence en Mozambique du cinéma colonial, anti-colonial et post-colonial ? Quels furent les multiples et complexes moments et espaces qui font partie de l’histoire de la représentation cinémato¬graphique mozambicaine ? Durant la période coloniale en Mozambique, les Portugais ignoraient largement la population indigène qui apparaissait rarement dans des films coloniaux, sauf dans des rôles de « terroristes », de sujets ethnographiques mythologisés ou comme recevant passivement l’aide du développement colonial. Une gamme de subjectivités « post-coloniales » mozambicaines s’est construite à travers les films, aussi l’analyse historique du cinéma en Mozambique peut-elle soulever des questions importantes au sujet de la construction des subjectivités mozambicaines et au sujet des significations culturelles de la moçambicanidade. Les géographies audiovisuelles dans le Mozambique contemporain sont devenues de plus en plus détachées des espaces symboliques de la culture nationale, au fur et à mesure que les processus de formation de l’identité nationale sont devenus de plus en plus transnationaux.

Cinema pós-colonial e a reconfiguração da Moçambicanidade
O cinema tem testemunhado alguns dos mais importantes períodos da história recente de Moçambique e nela participado, desde conflitos e revoluções até mudanças ideológicas e demográficas e às subtis mudanças da vida do dia-a-dia. Este artigo lança um olhar sobre a emergência do cinema colonial, anti-colonial e pós-colonial em Moçambique e sobre os múltiplos e complexos tempos e espaços contidos na história da representação cinemática de Moçambique. Durante o período colonial em Moçambique, os portugueses ignoraram largamento a população indígena, que raramente aparecia em filmes coloniais, excepto como « terroristas », como objectos etnográficos tornados mitológicos, ou como os destinatários passivos de ajuda ao desenvolvimento colonial.
Um conjunto de subjectividades moçambicanas « pós-coloniais » foi construído através do filme e a análise histórica do cinema em Moçambique pode fazer surgir perguntas importantes sobre a construção de subjectividades moçambicanas e sobre os significados culturais da Moçambicanidade. Geografias audiovisuais no Moçambique de hoje têm-se afastado cada vez mais dos espaços simbólicos da cultura nacional, assim como o processo de formação da identidade nacional se tornou cada vez mais transnacional.

Post-colonial Cinema and the Reconfiguration of Moçambicanidade
Cinema has been witness to (and participant in) some of the most important periods of recent Mozambican history, from conflicts and revolutions to ideological and demographic shifts and to the subtly changing patterns of everyday life. This paper looks at the colonial, anti-colonial and post-colonial emergence of cinema in Mozambique and at the multiple and complex times and spaces that are contained within the history of Mozambican cinematic representation. During the colonial period in Mozambique the Portuguese largely ignored the indigenous population who rarely appeared in colonial films except as « terrorists », as mythologised ethnographic subjects or as the passive recipients of colonial development aid. A range of « post-colonial » Mozambican subjectivities were constructed through film and so the historical analysis of cinema in Mozambique can raise important questions about the construction of Mozambican subjectivities and about the cultural meanings of Moçambicanidade. Audiovisual geographies in contemporary Mozambique have become increasingly detached from the symbolic spaces of national culture as the processes of national identity formation have become ever more transnational.