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Mário RIBEIRO & Sofia MARQUES, p. 131-143

Une interprétation des ONG portugaises au début du XXIe siècle : trajectoire et dynamiques
Apparues après la démocratisation qui a suivi le mouvement révolutionnaire d’avril 1974, les ONG portugaises ont connu en 1986 une impulsion décisive avec l’adhésion du Portugal à la CEE. Celles-ci, aux valeurs et aux origines différentes, concentrent une grande partie de leur action dans les anciennes colonies portugaises.
De faible visibilité dans le public, mais peu à peu reconnues par l’État, les ONG portugaises sont actuellement confrontées à des difficultés pour s’affirmer dans le contexte national, mobiliser des fonds et intervenir sur le terrain. Une telle situation est paradoxale si l’on tient compte de la priorité stratégique avancée par le discours politique : la construction de la Communauté des Pays de Langue portugaise. En interrogeant les relations entre l’État et la société civile au Portugal, ce texte souhaite esquisser quelques pistes pour comprendre les particularités des acteurs de la coopération non gouvernementale, à la lumière d’une analyse qui porte tant sur l’État que sur la société civile et son capital social, ainsi que sur le cadre de valeurs et de comportements de la population portugaise.

Uma leitura das ONGD portuguesas no início do século XXI : trajectória e dinâmicas
Surgidas após o processo de democratização subsequente ao movimento revolucionário de Abril de 1974, as ONGD portuguesas conheceram, em 1986, um impulso decisivo com a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia. Diversificadas no que diz respeito aos valores e às suas origens, elas concentram grande parte da sua actuação nas ex-colónias portuguesas.
Tendo uma fraca visibilidade junto da opinião pública e um reconhecimento estatal que tem vindo progressivamente a aumentar, as ONGD portuguesas são actualmente, confrontadas com dificuldades ao nível da afirmação no contexto nacional, da mobilização de recursos e da intervenção no terreno. Tal situação é paradoxal se tomarmos em conta a prioridade estratégica preconizada no discurso político : a construção da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Questionando as relações entre o Estado e a sociedade civil em Portugal, este texto procura esboçar algumas pistas para a compreensão das especificidades dos actores da cooperação não governamental à luz de uma análise com incidência quer na actuação do Estado, quer da sociedade civil e do seu capital social e do quadro de valores e atitudes da população portuguesa.

An interpretation of the Portuguese NGOs at the start of the 21st century : trajectory and dynamics
Portuguese Non-Governmental Development Organisations (NGDO’s) first appeared in the wake of Portugal’s 1974 revolution during the democratisation process, and received a decisive boost when Portugal joined the then EEC in 1986. They are varied as regards their values and origins, but their activities are mainly focused on the former Portuguese colonies in Africa.
NGDO’s have a low profile in Portuguese public opinion, and although they benefit from growing acknowledgement by the government, they face difficulties regarding national support, fund-raising, and their presence in the field. This situation is quite paradoxical if one takes into account the priority given to the CPLP (The Community of Portuguese Language Speaking Countries) in the political discourse of Portuguese governments.
In this paper we question the relations between the Portuguese State and civil society. We outline the development of Portuguese NGDO’s and suggest some analytical viewpoints on their current reality. We pay special attention to the discourse and action of the Portuguese State, to the practices of organised civil society, and to the overall symbolic framework (i.e. the Portuguese population’s values and attitudes based on the notion of social capital) in which they develop.